Fui Parar na Delegacia em Mendoza
Quando passei um tempo em Mendoza, Argentina, descobri uma local chamado Divisadero Largo, com uma incrível trilha demarcada dentro de uma área preservada. Mas fiz das minhas loucuras, o que acabaria me levando para a delegacia – não como preso nem nada do tipo, mas que fui parar na delegacia fui.
Dificuldade de chegar, dificuldade pra sair



Divisadero Largo é uma reserva natural que fica a apenas uns 12km do centro de Mendoza. Como de sempre, eu não estava de carro. Então, para ir, peguei táxi tranquilamente. Para voltar, “depois eu vejo”. Já na guarita de entrada do parque haviam vários números de telefone para chamar táxi, então não me preocupei. Poderia tentar chamar um Uber também, apesar de que eu duvidava que algum iria até lá (já que tem um pequeno trecho e estrada de terra meio escondida.
Mas sem me preocupar muito, fui caminhar. Depois de algumas horas de trilha, o que foram apenas pouco mais de 5km (já que era uma trilha meio difícil), decidi que queria andar mais, e que iria a pé até o parque San Martín (um parque enorme na cidade) e, de lá, pegaria táxi ou uber para meu Airbnb.
Caminhei tranquilamente pela estrada de terra e depois pela rodovia que me levaria até o acesso à cidade pelo parque San Martín, quando vejo um carro (SUV) de polícia parado ao fim de uma ponte. E vários policiais lá me olhando atravessá-la. Fiquei um pouco tenso, mas segui como se estivesse fazendo a coisa mais normal do mundo (até porque pra mim eu estava), e ao fim da ponte cumprimentei eles e comecei a seguir meu caminho.
Foi então que o líder deles fez um gesto autoritário e me pediu pra parar. Depois de algum silêncio incômodo ele perguntou se eu entendia espanhol. Falei que sim (falar é outra história, mas não precisei explicar isso hehe). Só então tive a explicação de por que tinha sido parado. As próximas quadras seriam bem barra pesada, segundo eles, e eles não poderiam me deixar seguir.
Expliquei que não tinha muita alternativa já que não podia pedir um táxi ali. O líder dos policiais decidiu então que iria parar carros na estrada e mandá-los me levar para a cidade. Mas não tinha carro passando. Foi aí que um deles sugeriu me levar para a Delegacia. Para de lá me chamar um táxi.


Enquanto esperava, fiz amizade com um doguinho que, um dia, decidiu que morava na delegacia e, efetivamente, começou a morar lá. Também conversei bastante com o policial que me levou para lá. Coincidiu que ele havia voltado há pouco de uma viagem de férias pra o Brasil, o que já deu um bom assunto. Depois, ele teve que sair e eu fiquei sozinho com o “doguinho policial”, trancado na parte interna da delegacia, onde ficam os policiais e funcionários – mas não havia nenhum naquele fim de manhã de domingo – além do cachorro.
E, eu sendo eu, mandei muitas mensagens pros meus amigos pelo WhatsApp falando que a polícia tinha parado e me levado pra delegacia. Só pra receber alguns xingamentos depois de contar a história completa…